NEO-EXPRESSIONISMO
Eu não aguentava mais toda pureza, queria contar histórias.
Philip Guston
Iniciou nas décadas de 70 e 80, como resultado de uma insatisfação com o Minimalismo, com a Arte Conceitual, o Happening e com o Estilo Internacional.
O movimento procura resgatar a figuração, a emoção declarada, a autobiografia, a memória, a psicologia, o simbolismo, a sexualidade, a literatura e a narrativa. Ou melhor, desejava resgatar a pintura como meio de expressão.
Tem influência do Expressionismo, do Pós-Impressionismo, do Surrealismo, do Expressionismo Abstrato, da Arte Informal e da Arte Pop.
Os artistas usavam as mesmas pinceladas vigorosas dos Expressionistas.
Nesse período, exploraram assuntos como a mitologia clássica e outros tópicos ignorados por muito tempo pelo modernismo.
Alguns artistas alemães, criaram suas obras a partir de seu passado cultural, ao mesmo tempo que alguns pintores alemães como Anselm Kiefer e Georg Baselitz puderam usar a linguagem visual dos primeiros expressionistas para abordar questões difíceis sobre o passado da Alemanha nazista, o que era ignorado por artistas de movimentos anteriores.
Nos EUA, Julian Schnabel, Eric Fischl, David Salle entre outros usaram a representação figurativa de muitas maneiras diferentes. Representaram cenas sinistras da vida nos bairros, pintaram sobre materiais pouco convencionais (veludo preto e louça de barro quebrada) fizeram referências à obras variadas que iam de pinturas holandesas do século XVII e desenhos animados de Walt Disney até obras expressionistas abstratas.
Alguns materiais diferentes e palavras ou frases de seus autores também eram utilizados com intuito de enriquecer a obra como palha, linhas (e mais o que o artista desejasse fazer uso no momento), frases do que se estava pensando, ou vivendo no momento da criação, palavras relacionadas ao tema ou à imagem.
A expressão na arte neo-expressionista era uma luta pela identidade, uma necessidade do artista por si mesmo.
O termo também foi aplicado a arquitetos, após edificações como a Ópera de Sidney (1956-74 – do dinamarquês Jorn Utzon - 1918), as lojas esculturais construídas nos Estados Unidos nos anos 70 e o Museu Guggenheim em Bilbao, na Espanha. Da mesma forma a escultores que depositavam em suas obras, traços expressionistas, embora sejam variadas indo do Abstrato ao Figurativo, do austero ao sensual, do minucioso ao monumental, sempre apresentam forte conteúdo emocional. Assim são as obras de Charles Simonds (1929), Antony Gormley (1950), Anish Kapoor (1954) e Rachel Whiteread (1963) entre outros (as).
Kapoor é um escultor que chama atenção por trabalhar com materiais expressivos, pigmentos puros, em pó, cores vibrantes, calcário, ardósia, arenito e superfícies espelhadas. Esses materiais levam o espectador a refletir sobre componentes físicos e espirituais da condição humana.
Em certo momento o próprio Kapoor diz:
"Eu me vejo de volta à idéia da narrativa sem que isso implique contar uma história, de volta àquilo que permite incorporar a psicologia, o medo, a morte e o amor da forma mais direta (...). Esse vazio não é algo que não se possa expressar. É um espaço potencial."
Anish Kapoor
Kapoor também comentou enquanto criava a peça “1000 nomes” em 1982:
“Enquanto eu criava as peças pigmentadas ocorreu-me que elas se formam a partir umas das outras. Assim, decidi dar-lhes um título genérico, 1000 nomes, significando o infinito, sendo mil um número simbólico.”
Jenny Saville, retratou os transtornos alimentares que se tinha notícia, vividos no período do neo-expressionismo.
Algumas Características:
Uso de materiais diversos como palha, linhas, ferro, louça quebrada
O espaço estético da tela era o lugar onde se abordava questões traumáticas
Prestigiavam tudo aquilo que era desacreditado (figuração, emoção, psicologia, sexualidade, autobiografia narrativa, literatura...).
O uso de materiais deve dar efeito tátil, tosco ou sensual.
As emoções são expressas com vibração.
Temas relacionados ao passado (tanto mundial como do próprio artista)
Uso de alegoria e simbolismo
Uso de suportes diferentes como veludo, louça de barro quebrada, etc.
Volta a figuração mas ainda há abstração em algumas obras e em traços de alguns artistas.
Grande número de temas que podem ser representados e a liberdade de expressão.
Algumas Obras
Margarethe, 1981. Anselm Kiefer.
Bad Boy, 1981. Eric Fishl.
Marcada, 1992. Jenny Saville
Referências:
Scortegagna, Paulo Ernesto. Apostila de História da Arte III – Arte Moderna, Contemporânea e Pós-Moderna. Ijuí – Rio Grande do Sul: Net Copy, 2009.
Dempsey, Amy. Estilos, Escolas e Movimentos, Guia Enciclopédico da Arte Moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
Site Wikipédia http://pt.wikipedia.org/
Site Itaú Cultural http://www.itaucultural.org.br/